O Exemplo de Dan Keplinger
Ao vermos este excerto do documentário “King Gimp“, vencedor de um Óscar em 2000, que retrata a vida de Dan Keplinger, um rapaz que nasceu com paralisia cerebral, somos levados de forma fácil a julgá-lo como uma pessoa normal, por detrás de uma aparência totalmente diferente. É o que fazemos e é o que está socialmente correto.
Percebemos as enormes dificuldades que as coisas mais simples da vida, como comer, lavar-se ou vestir-se, lhe colocam, sentimos pena e somos invadidos por um sentimento de empatia pela sua personalidade.
Facilmente caímos, então, na tendência, de novo, que está socialmente correta, para dizermos que Dan é uma pessoa normal, como se a sua diferença fosse um motivo de vergonha social, queremos ignorá-la.
Porém, se olharmos de uma forma mais atenta para a maneira como reage às adversidades, como as supera e integra nas suas vivências, o eco que estas provocam dentro de si, percebemos que Dan é tudo menos uma pessoa normal. É, sim, uma pessoa extraordinária, por isso, completamente fora do normal, que tem a característica de ser resiliente. Isto é, Dan tem a capacidade para converter fatores que, quando estão presentes nos contextos com os quais interagimos, potenciam risco, em fatores de desenvolvimento.
Mais, quase que nos atrevemos a dizer que se Dan não tivesse a deficiência que tem, não teria chegado a um ponto de desenvolvimento pessoal tão significativo.
Foi a sua deficiência, juntamente com a sua caraterística da resiliência que geraram em Dan uma força de vontade supra natural. Por isso, ignorar a sua diferença, não lhe reconhecer, enquanto pessoa, o direito a ela, é estarmos a cometer uma grave injustiça.
Parece-nos, também, que, quanto mais dissermos que Dan é uma pessoa normal, mais somos levados a notar negativamente a sua diferença.
O Exemplo de Stephen Hawking
Ao vermos este vídeo, podemo-nos lembrar também do caso de uma das mentes mais brilhantes, Stephen Hawking, também uma personalidade extraordinariamente resiliente. São dois exemplos que nos mostram que, ser portador de uma deficiência, não é estarmos condenados a uma vida pouco significativa. Mostram-nos, até, que esta diferença pode ser usada de forma proveitosa, gerando desenvolvimento pessoal, social e cognitivo. Não sendo, por isso, uma característica que se deva ignorar por sentimento de pena ou porque, por preconceito, nos ensinaram a não reconhecer. Dan só é a pessoa que é, porque assumiu a sua diferença e porque, de forma corajosa, decidiu desenvolver-se na pessoa que é.
Será pertinente aqui percebermos o quão errados estão os preconceitos e os estereótipos que, na nossa sociedade, categorizam a diferença como um fator que condena as pessoas à exclusão e à vivência de uma vida com pouco significado do ponto de vista social e cultural.
Se fossemos todos iguais, se não houvesse a diferença, não teríamos, com certeza, nada a aprender com o outro. Quanto mais diferente for o outro de mim, mais nós temos para lhe ensinar e para aprender com ele.
Obrigada, Dan, pela lição de vida!