Em muitas casas, o momento das refeições pode ser um autêntico campo de batalhas entre pais e filhos. As crianças choram porque não querem comer, berram porque preferiam comer o doce em vez da sopa que lhes é posta à frente ou embirram, simplesmente, porque já estão com sono.
Os pais chateiam-se com elas, obrigando-as a comer os legumes que elas repelem a todo o custo. Discutem e chegam a pô-las de castigo para evitarem situações mais desagradáveis.
No entanto, as refeições podem e devem ser momentos importantes para fortalecer as relações familiares entre pais e filhos. Durante o jantar, os filhos têm a oportunidade de contar aos pais como correu o dia, o que aprenderam na escola e aquilo que mais os divertiu.
Em contrapartida, os pais podem encontrar aqui um ótimo momento para promoverem algumas aprendizagens com os seus filhos.
Promover a autonomia para evitar as birras
No livro “Educar pela positiva: um guia para pais e educadores”, Nuno Pinto Martins defende que a promoção da autonomia pode contribuir para evitar as birras à mesa. A promoção da autonomia pode passar, simplesmente, por deixar que a criança escolha a tigela para o pequeno-almoço, que ponha ela a mesa ou que ajude a colocar a sopa nos pratos.
Mas, para além disto, o autor do livro refere uma estratégia que nos parece interessante e com um grande potencial para eliminar algumas birras lá em casa: a estratégia das opções limitadas.
Como é que esta estratégia funciona? O objetivo das “opções limitadas” é que a criança sinta que tem autonomia e poder de decisão sobre aquilo que vai comer. Para isso, os pais devem dar opções limitadas às crianças, como por exemplo “preferes comer uma maçã ou uma laranja?”. “Queres levar para a escola o iogurte de morango ou de banana?”.
Com esta estratégia, os pais não perdem a sua autonomia, uma vez que, ainda assim, são eles próprios quem está a definir as opções. Como explica Nuno Pinto Martins, “ao envolver a criança, dando-lhe poder de escolha, dentro de soluções limitadas que sejam aceitáveis para ambos, não está a fragilizar-se como educador/a nem a deixar que a criança leve a melhor”. E acrescenta: “estará, sim, a fazer com que ela desenvolva autonomia, responsabilidade, cooperação e autoestima”.
Para o autor, defensor da Disciplina Positiva, esta estratégia foi como um milagre. As birras nos pequenos-almoços da sua filha, que batalhava constantemente para não comer o iogurte, foram desaparecendo e agora consegue, finalmente, ter um pequeno-almoço agradável em casa.