Alunos com Necessidades Específicas: a Teoria das Inteligências Múltiplas

O que é que Cristiano Ronaldo tem de semelhante a Stephen Hawking? O que é que o treinador de futebol Jorge Jesus tem de parecido com Luís Vaz de Camões? O que é que todas estas personalidades têm de comum com a diva da música pop Madonna?

Aparentemente, estas são boas questões, capazes de alimentar animadas conversas de café. No entanto, parece-nos que, por muita destreza de pensamento que encontremos nas empreitadas futebolísticas e atléticas de Ronaldo ou de Jorge Jesus, ou até, por muito que possamos reconhecer que a diva americana tem a voz afinada e é criativa na preparação dos seus concertos e genial na arte de dançar, dificilmente, até há bem pouco tempo na cultura ocidental, conseguiríamos comparar o brilhantismo do que produzem ao brilhantismo das teorias físicas ou cósmicas do génio britânico, ou à beleza dos poemas épicos do poeta português.

Teoria das Inteligências Múltiplas

A teoria do investigador americano Howard Gardner permite-nos não só devolver o sentido às questões que formulamos, como resolvê-las facilmente. Gardner defende uma conceção alargada de inteligência. Para este investigador a inteligência é o conjunto de capacidades, que nos permitem fazer algo que as outras pessoas da mesma cultura valorizam, resolver problemas, mas também criar ou inventar objetos, ideias e outros produtos relevantes e influentes num dado contexto cultural.

Assim, podemos concluir, com alguma clarividência, que o que todas as pessoas que referimos anteriormente têm de comum é o facto de serem pessoas que se destacam no que produzem, que demonstram capacidades que são apreciadas no nosso contexto cultural, que as demarcam das outras pessoas, que são, de facto, muito bons ou excelentes na sua atividade. Por isso, essas pessoas são igualmente pessoas inteligentes, embora demonstrem a inteligência em áreas diferentes da nossa vida, umas mais teóricas, racionais, outras mais práticas ou emocionais. Podemos, então, com alguma segurança, concluir que são pessoas que revelam diferentes tipos de inteligência, mas que são, por isso, todas, pessoas inteligentes.

Valorização de todas as Formas de Expressão da Inteligência

O que nos adianta a nós sermos muito hábeis a resolver problemas teóricos ou matemáticos, se depois não somos capazes de resolver um problema concreto do quotidiano, como por exemplo, substituir um ingrediente que tenho em falta para confecionar um prato? Se não sou capaz de me relacionar corretamente com as outras pessoas que interagem comigo nos diferentes grupos sociais a que pertenço?

A evidência da resposta a estas questões mostra-nos a mudança gradual de um paradigma cultural, fortemente enraizado na razão, no qual, por exemplo, dificilmente um aluno com necessidades específicas poderia vir a ser considerado inteligente, ou sequer funcional, tornando-se a sua inclusão uma miragem, para um paradigma onde o Homem é visto de uma forma mais integral, como uma realidade com uma dimensão mental que, através de um corpo, como um todo, em todas as suas dimensões, cognitiva, emocional e comportamental, entra em relação com a realidade, à qual atribuí significado e que nesta interação constrói uma personalidade e se eleva a pessoa.

Felizmente, para todos, a conceção de Homem como um ser racional, começa gradualmente a deixar de influenciar de forma indelével e exclusiva as nossas teorias filosóficas, sociais, culturais, científicas, religiosas e, aqui neste blog, de forma mais importante, educativas.

Começamos, então, a valorizar realmente outras formas de expressão da inteligência, a integrá-las e a valorizá-las nos nossos currículos escolares e atividades de desenvolvimento social e pessoal.

Alunos com necessidades específicas: desenvolvimento pessoal e social

Também importante, Gardner alerta-nos para a necessidade de diagnosticarmos de forma eficiente as principais dificuldades, mas, sobretudo, aptidões dos nossos alunos e aqui, se calhar percebemos uma outra mudança de paradigma em curso, particularmente ao nível da educação de alunos com dificuldades de aprendizagem, para podermos trabalhar no sentido de os ajudarmos a desenvolver as áreas de ação ou tipo de inteligência, onde revelam maiores aptidões, ajudando-os ao nível do seu desenvolvimento social e pessoal.

Desta forma, estaremos, também nós, a juntar o nosso contributo para esta mudança de paradigma cultural e a cultivar uma visão de Homem mais global, humana e a ajudar a construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

Para saber mais acerca da Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, veja o vídeo que se segue:

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