O desenvolvimento da linguagem é algo complexo, já que implica que se trabalhem três grandes dimensões: fonética, sintaxe e semântica.
Apesar de não ser uma tarefa nada fácil, as crianças aprendem com muita facilidade e desenvolvem a sua capacidade de comunicar através da interação com os outros. Mas, para que isso seja possível, vão precisar de muita ajuda por parte dos adultos.
Na realidade, tanto os pais, como os professores e educadores têm um papel vital no desenvolvimento da linguagem das crianças.
Sabe como pode ajudar as crianças a aprenderem a falar?
Neste artigo, vai ficar a saber quais são as etapas do desenvolvimento da linguagem até aos 6 anos, bem como os problemas mais comuns que podem surgir.
E, além disso, saiba em que casos pode ser necessário recorrer a um especialista.
Vamos a isso?
Fases de desenvolvimento da linguagem: o que precisa de saber?
Embora cada criança tenha o seu próprio ritmo no desenvolvimento da linguagem, existem alguns marcos que podem servir como guias para os pais e professores.
Porém, é importante frisar que nem todas as crianças são iguais e que os seguintes marcos são apenas indicativos.
Primeiros 3 meses
Nesta idade, a comunicação começa com a emissão de sons e com o choro do bebé.
Na realidade, o choro torna-se num meio de comunicação, que pode traduzir fome, dor, frustração ou raiva.
Nesta altura, os bebés já sorriem. O primeiro sorriso acontece, após o nascimento, de uma forma espontânea, geralmente depois da alimentação ou ao adormecer.
4º ao 6º mês
Os bebés começam a emitir sons, através de pequenas vocalizações, que se caracterizam por cadeias de sílabas repetitivas.
Além disso, é frequente que comecem a mover os olhos na direção dos sons e reconheçam a mudança no tom de voz de quem lhe é próximo.
A partir desta idade, o sorriso torna-se também mais duradouro e os bebés já são capazes de rir.
7º ao 12º mês
Por esta altura, os sorrisos tornam-se intencionais, por exemplo quando os bebés vêem rostos que reconhecem.
As crianças desta idade começam a imitar sons e a vocalizar sons sem significado, usando, com frequência, as consoantes m, p e b.
É normal também dizerem a sua primeira palavra e comunicarem através de sons ou gestos.
Além disso, já é bem provável que reconheçam os nomes dos pais e compreendam o significado de palavras simples, como “não”, “dá” ou “vem”.
12º ao 24º mês
Nesta fase, as crianças já conseguem dizer palavras como “mãe” e “pai”. Além disso, conseguem absorver muita informação, reconhecendo nomes de pessoas, objetos e partes do corpo.
É natural, ainda, que cometam muitos erros quando falam. Em todo caso, à medida que vão crescendo, estes erros vão diminuindo, tornando-se mais fácil compreendê-las.
2 a 4 anos
Entre os 2 e os 4 anos, as crianças já devem ser capazes de contar histórias e manter uma conversa, sendo facilmente entendidas.
É natural que, nesta fase, já saibam usar preposições, pronomes e explicar o que sentem.
A fala torna-se mais correta, mas os sons finais das palavras podem ainda ser errados. Por isso, é possível que desconhecidos não compreendam tudo que as crianças dizem.
Ainda assim, por volta dos 3 anos, este já não deve ser mais um problema.
4 a 6 anos
Nestas idades, as crianças já devem ser capazes de dizer frases maiores, contar histórias e manter conversas, sem a ajuda de um adulto.
É natural que ainda cometam alguns erros, principalmente em palavras complicadas, mas, por norma, são totalmente compreendidas.
Nesta fase, entendem conceitos espaciais, como “atrás” ou “ao lado”, e sequências temporais. Conseguem, ainda, conjugar alguns verbos.
Como estimular a linguagem?
Existem várias atividades simples, que potenciam o desenvolvimento da linguagem das crianças.
Bebés
- Responder às verbalizações do bebé;
- Falar com o bebé;
- Cantar;
- Apontar para os objetos e identificá-los num tom exagerado.
Crianças em idade pré-escolar
- Conversar com as crianças sobre o que eles estão a fazer;
- Aumentar gradualmente a dificuldade das palavras e da gramática usada nas interações verbais com as crianças.
- Inventar histórias e pedir às crianças que deem continuidade à narração das mesmas, estimulando, desta forma, a linguagem, mas também o pensamento e a imaginação.
- Ler para as crianças, usando vozes dramáticas, fazer-lhes perguntas e apontar-lhes detalhes.
Crianças com mais de 6 anos
- Encorajar as crianças a conversar;
- Conversar sobre filmes ou séries, após a sua visualização;
- Incentivar a leitura e fazer questões sobre os livros e as personagens.
Sinais a ter em atenção
Por vários motivos, o desenvolvimento da linguagem pode encontrar obstáculos.
Isto pode estar relacionado com dificuldades de aprendizagem, perturbações auditivas ou visuais ou até por ter pouca interação com adultos.
Os seguintes sintomas podem indicar algum problema:
- Falta de contacto visual;
- Fala que é muito difícil de compreender (só compreensível até 50% das vezes);
- Falta de atenção/concentração durante as conversas;
- Não falar de todo, não compreender o que lhes é dito ou não reconhecer nomes de objetos, a partir dos 18 meses;
- Falta de interesse na leitura de histórias;
- Não obedecer às instruções dadas repetidamente (quando têm idade para compreender as instruções);
- Evitar conversar;
- Repetir sempre as mesmas palavras ou cometer sempre o mesmo erro, no curso de um longo período de tempo;
- Dificuldade em aprender canções infantis.
O que fazer se verificar um atraso na linguagem?
Nem todas as crianças têm o mesmo ritmo de aprendizagem e, portanto, é normal que algumas delas demorem um pouco mais a atingir objetivos traçados para a sua idade.
Por norma, isso não é motivo para preocupação, mas se está realmente preocupado saiba que os atrasos na linguagem podem acontecer por diversos motivos.
Assim, pode ser importante anotar todos os marcos e apontar quando as crianças os atingem. Isto poderá ajudar a detetar um padrão.
Estes atrasos podem levar a criança a ter dificuldade em aprender e/ou em relacionar-se com os seus pares, provocando, muitas vezes, problemas emocionais e comportamentais.
Como tal, deve prestar atenção ao desenvolvimento da linguagem das crianças, de modo a evitar e prevenir problemas futuros.
No caso de ser pai
Se notar algo estranho, consulte o médico de família da criança e fale-lhe sobre as suas preocupações.
Dependendo da circunstância, a criança poderá ter que consultar um especialista.
No caso de ser professor
Se for professor e reparar que as crianças têm atrasos no desenvolvimento da linguagem, é fundamental que alerte a Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva na sua escola e, de seguida, os encarregados de educação.
Dessa forma, é possível definir, em conjunto, a melhor forma de intervir, de modo a prevenir ou reduzir os riscos de atraso no seu desenvolvimento.
Quando consultar um especialista?
Após consultar o médico de família, visite um especialista se notar que a criança não atingiu quase todos os marcos apropriados para a sua idade,
Um especialista poderá definir um plano de intervenção, de acordo com as necessidades e especificidades das crianças, dando aos pais exercícios para fazerem ou trabalhando diretamente com elas em consulta.
Conclusão
Como pode perceber por este artigo, o desenvolvimento da linguagem é um processo complicado e longo para as crianças, que precisa de bastante atenção por parte dos pais e dos professores.
Por isso, é fundamental que as ajude nessa tarefa. Demos-lhe várias dicas de como o poderá fazer.
Já costuma fazer tudo isso? Tem outras estratégias que aplica e que acha que trazem excelentes resultados?
Conte-nos tudo nos comentários.